quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A CRISE (Parte IV)

O BES teve nos nove meses do 2008 um resultado líquido de 334,8 milhões Euros

Uma crise nunca vista na minha geração” - Ricardo Salgado (dono do BES)
É impossível prever qual vai ser a profundidade desta crise”.
O responsável estima, no entanto, que o final de 2008, início do próximo ano, marcará o começo “da recuperação da situação internacional”.

Este Senhor faz rir os portugueses.
Porque é que este Senhor não vai para um circo?
.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A CRISE (Parte III)

Nada se perde, nada se cria. O dinheiro, apenas, mudou de bolso

O Banco de Inglaterra prevê que as perdas sofridas pelos bancos, pelas seguradoras e pelos fundos de investimento em todo o mundo podem atingir 2,2 biliões de euros (milhões de milhões), devido à crise financeira.

Segundo o Relatório sobre Estabilidade Financeira elaborado pelo Banco de Inglaterra, citado pela «Lusa», nos Estados Unidos as perdas passaram de 739 mil milhões para 1,57 biliões de dólares e na Europa de 344 mil milhões para 785 mil milhões de euros.

Os títulos de participação (em activos imobiliários) detidos pelas instituições financeiras e pelos fundos de investimento passaram, de repente, não a valer milhões mas a valer tostões.

Mas muito desse dinheiro foi canalizado sobretudo para o sector da construção dos EUA: as casas existem, os empreiteiros e todas as actividades económicas conexas floresceram. O resto é especulação financeira: muitas instituições financeiras compraram activos por valor muito superior ao seu valor real. Mas se elas compraram esses activos alguém os vendeu.

Não será assim?

Ou muito me engano ou anda muita gente a ganhar dinheiro com esta CRISE faz de conta.
.

domingo, 26 de outubro de 2008

A crise explicada aos tótós

Dezenas de milhares de hipotecas de pequenos bancos locais americanos foram compradas por bancos globais. Estes encapotaram-nos em títulos de participação de fundos imobiliários.

Estes fundos de particpação, classificados criminosamente (mas ainda ninguém foi preso) com o risco de crédito AAA (o top do rating , isto é, de baixo risco) pelo Moody's ou pela Standard & Poors ou pela Fitch (as 3 maiores entidades mundiais de rating - classificação do risco do crédito) foram depois vendidos a fundos ou a outros bancos em todo o mundo que ingenuamente acreditaram que estavam a comprar títulos classificados como AAA (de baixo risco de incumprimento). Ora, parte daqueles títulos, com taxas de rentabilidade acima do mercado, respeitavam a hipotecas sub-prime (de alto risco de incumprimento).

Os lucros nos últimos 7 anos dos maiores bancos mundiais foram colossais. De tal modo eram espantosos os lucros destes bancos que pouco se importaram de verificar se o que compravam eram créditos (títulos) de baixo, médio ou alto risco.

Em 26 de Julho de 2008 (quinta-feira negra) o pânico e o medo tomaram conta dos operadores das bolsas mundiais quando se aperceberam das quedas bruscas das vendas de casas novas e usadas nos EUA, associadas aos aumentos sem precedentes do preço do petróleo.

A título de exemplo, no maior e mais caro mercado imobiliário do país, a Califórnia, as execuções de hipotecas imobiliárias subiram 799%, entre 01 de Abril e 30 de Junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Cerca de 17.408 imóveis foram entregues às instituições de crédito no último trimestre. A taxa de incumprimentos subiu 158% em todo o estado da Califórnia durante o mesmo período.

Só para se ter uma ideia dos montantes envolvidos, diga-se que as duas maiores instituições de crédito hipotecário dos EUA colocaram no mercado 6 milhões de milhões (biliões) de USD de títulos, titularizando créditos imobiliários, comprados por fundos e bancos de todo o mundo.

Moral da história: o mundo inteiro vai financiar o crédito malparado imobiliário dos EUA , motor do seu crescimento económico e fonte de lucros chorudos das empresas ligadas ao sector da construção dos EUA, durante os últimos anos.

Depois da tempestade passar, quem se vai ficar a rir, quem é?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A CRISE (Parte II)

A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos bancos dinheiro dos nossos impostos. Significa isto que eu, como contribuinte, sou fiador do banco que é meu credor. Financio o banco que me financia a mim.

Não sei se o leitor está a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio. Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça.

Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte: os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro.

A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada.

(Ricardo Araujo Pereira dos Gatos Fedorentos)

sábado, 18 de outubro de 2008

A CRISE

Somos massacrados diariamente com a crise financeira. Mas, ao certo, ao certo, ninguém sabe o que é e ninguém a sente (verdadeiramente ainda não se sente).

Dizem que é uma crise do crédito malparado. Mas os donos do bancos (ou os lacaios que os donos dos bancos colocaram lá) clamam em alta voz que não senhor: os bancos deles não estão em crise e que isso do crédito malparado é algo de tão insignificante que não lhes tira o sono (mas nós sabemos que eles dizem isso para ninguém se lembrar de tirar de lá o seu dinheirinho).

Ora, aqui há gato (com rabo de fora).

Se os bancos estão, assim, tão saudáveis, por que carga de água nenhum deles empresta dinheiro a outro (daí as taxas Euribor terem subido tanto) ?

Se os bancos estão, assim, tão saudáveis, por que carga de água foi aprovado um diploma legal (em tempo record) em que o PR demorou apenas 20 minutos para o promulgar (inédito em Portugal) a avalizar os empréstimos interbancários até 20.000.000.0000 de Euros?

Meus amigos a crise financeira, como muitos apregoam, é uma crise de falta de confiança. Não de falta de confiança nos actuais balanços bancários mas no futuro. Todos sabemos que os bancos emprestaram milhares de milhões de Euros em crédito (ao consumo, à habitação, etc.) a pessoas ou a empresas, sem possibilidades de pagar, por pura avidez de lucro fácil e sem acautelar as consequências.

E o que se teme é que, no futuro , os particulares deixem de pagar as suas dívidas, as empresas deixem de pagar as suas dívidas e com isso arrastem todo o sistema financeiro para o abismo. Essa é a crise actual.

Pois bem. E o que fez o (des)governo? Ao avalizar os empréstimos interbancários vai acabar por ficar com o menino nas mãos (se houver incumprimento por parte de algum deles): no limite o governo poderá ter de ficar com os bancos donos das casas que ninguém quer e donos de empresas falidas . É isto o que pode acontecer no futuro.

E de onde vem esse dinheirinho milagroso par salvar o sistema financeiro? Do Orçamento do Estado, claro. Do bolso de todos nós.

Em conclusão: vamos ser nós todos a pagar os carros de luxo, os iates de luxo, as férias nos Varaderos paradisíacos, os lucros chorudos das empresas de construção civil que venderam casas a quem não tinha possibilidades de as pagar, etc, etc. A bem da manutenção do sacrossanto e intocável sistema financeiro: que financia as empresas de construção civil que, por sua vez, financiam os partidos políticos.

Já entenderam, agora, o alcance da crise actual?
.