domingo, 26 de outubro de 2008

A crise explicada aos tótós

Dezenas de milhares de hipotecas de pequenos bancos locais americanos foram compradas por bancos globais. Estes encapotaram-nos em títulos de participação de fundos imobiliários.

Estes fundos de particpação, classificados criminosamente (mas ainda ninguém foi preso) com o risco de crédito AAA (o top do rating , isto é, de baixo risco) pelo Moody's ou pela Standard & Poors ou pela Fitch (as 3 maiores entidades mundiais de rating - classificação do risco do crédito) foram depois vendidos a fundos ou a outros bancos em todo o mundo que ingenuamente acreditaram que estavam a comprar títulos classificados como AAA (de baixo risco de incumprimento). Ora, parte daqueles títulos, com taxas de rentabilidade acima do mercado, respeitavam a hipotecas sub-prime (de alto risco de incumprimento).

Os lucros nos últimos 7 anos dos maiores bancos mundiais foram colossais. De tal modo eram espantosos os lucros destes bancos que pouco se importaram de verificar se o que compravam eram créditos (títulos) de baixo, médio ou alto risco.

Em 26 de Julho de 2008 (quinta-feira negra) o pânico e o medo tomaram conta dos operadores das bolsas mundiais quando se aperceberam das quedas bruscas das vendas de casas novas e usadas nos EUA, associadas aos aumentos sem precedentes do preço do petróleo.

A título de exemplo, no maior e mais caro mercado imobiliário do país, a Califórnia, as execuções de hipotecas imobiliárias subiram 799%, entre 01 de Abril e 30 de Junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Cerca de 17.408 imóveis foram entregues às instituições de crédito no último trimestre. A taxa de incumprimentos subiu 158% em todo o estado da Califórnia durante o mesmo período.

Só para se ter uma ideia dos montantes envolvidos, diga-se que as duas maiores instituições de crédito hipotecário dos EUA colocaram no mercado 6 milhões de milhões (biliões) de USD de títulos, titularizando créditos imobiliários, comprados por fundos e bancos de todo o mundo.

Moral da história: o mundo inteiro vai financiar o crédito malparado imobiliário dos EUA , motor do seu crescimento económico e fonte de lucros chorudos das empresas ligadas ao sector da construção dos EUA, durante os últimos anos.

Depois da tempestade passar, quem se vai ficar a rir, quem é?

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